terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Desafio das Serras @ Serra do Mar, Ubatuba/Cunha, SP - 28/29NOV2015

 Um primeiro dia que tive que usar todas as minhas forças e mais um pouco... O diferencial era que eu estava com meu parceiro de equipe, Pedro, que me motivava até o final, não deixando a cabeça vencer o corpo.

 Eu, a Marilia e parte da UPFITrail Team (Sidney, Pedro e Vanessa), saímos de São Paulo na sexta (27), com destino à Ubatuba para mais um Desafio das Serras. Neste ano o local escolhido foi o Parque Estadual Serra do Mar. Lugar incrível e extremamente desafiador.
 Chegamos em Ubatuba no final da tarde e logo fomos arrumar alguns detalhes finais que faltavam em nossas malas (era necessário deixar uma mala com a organização, que subiria para o acampamento no momento da checagem dos equipamentos obrigatórios, retirada de kits, briefing, etc). Já no local da retirada dos kits, após checagem dos equipamentos e de ouvir um pouco das orientações sobre o percurso, fomos procurar algum lugar para jantarmos e em seguida voltamos para a pousada na qual estávamos hospedados. Agora era só descansar para a largada do primeiro dia de prova.


Primeiro dia: 
No sábado bem cedo nos deslocamos para a largada que seria realizada na praia de Ubatumirim (Ubatuba). Resolvemos sair mais cedo pois o caminho para chegar até a praia era bem travado, apesar de que não tão distante. Chegamos com tempo de sobra para acertarmos todos os detalhes possíveis antes da largada e bater um papo com os amigos que lá também estavam.

 Às 9h30 foi dada a largada para os competidores da categoria 40km. Eu e o Pedro saímos um pouco forte com o objetivo de pegar a entrada da trilha menos congestionada possível. Ao chegarmos aproximadamente no quilômetro 5 começamos a encontrar o pessoal dos 80km que haviam largado 30 minutos antes que a gente. Mesmo sem ninguém falar nada já comecei a entender que a trilha estava bem técnica e congestionada...
 O percurso exigia o máximo de atenção possível, qualquer descuido poderia comprometer nosso dia. Além de atenção, também foi necessário fazer muita força. Eram tronco atrás de tronco que tínhamos e soltar, muito bambu cortado - que muitas vezes era inevitável passar sem se cortar, além dos cipós escondidos abaixo da vegetação. Enfim, "armadilha" tinha de sobra.

 Nesta prova não haviam postos de hidratação, cada atleta deveria levar consigo água para todo o percurso e não beber água dos rios - recomendação da organização.
 A quantidade de água que levei mal deu para nada, na mata fechada acabei suando no mínimo umas três vezes mais que o normal, fazendo com que eu bebesse água num curto intervalo de tempo...
 Devido ao esforço que estava fazendo no single track e na travessia de rio com água acima da cintura, senti que a musculatura não estava respondendo à altura e logo teria câimbra. A água gelada do rio dava uma certa aliviada e fazia eu seguir adiante.

 Com um pouco mais de 12 quilômetros nos deparamos com fitas verdes da mesma cor das folhas das árvores (???). Apesar de sabermos que nunca havia tido uma prova por ali e que as fitas que estávamos acompanhando desde o início eram laranjas, ficamos bem confusos e paramos para verificar se estávamos no caminho correto. Fomos uns 100 metros em outra direção e nada de fitas. Voltamos para o ponto da fita verde e tomamos a rápida decisão de ir adiante. Outros atletas fizeram o mesmo.

 A subida da serra estava extremamente técnica e difícil, minha perna estava muito pesada e minha lombar "gritava" de dor. Com pedaços de bambus encontrados no percurso, improvisei uns bastões que faziam com que eu me curvasse menos.
 As câimbras iam e vinham a todo instante. Muitas vezes era necessário parar para o Pedro fazer uma rápida massagem e continuarmos. Manter o foco num momento de dor é muito difícil, mas se você estiver alguém ali do seu lado te dando forças, é bem diferente.

 No final dos 1300 metros positivos que acumulamos em menos de 4 quilômetros veio um certo alívio, mas ao mesmo tempo estávamos longe de acabar a prova. Restavam muitos quilômetros e trilhas técnicas pela frente.
 Mais algumas travessias de rios e muita lama, finalmente estávamos nos 7 quilômetros finais de prova. Apesar de ter sido em trilha, era menos técnica que anteriormente, possibilitando que aumentássemos o ritmo no final. Finalizamos os 33km do primeiro dia com 8h07min, ficando parcialmente em 6° lugar.  No sábado pude ter uma ideia do que é uma corrida de aventura, sem sombra de dúvidas...

 Não perdi tempo e antes mesmo de qualquer coisa fui me alimentar para acelerar a recuperação para correr no dia seguinte o mais inteiro possível. Nós levamos algumas coisas para garantir nossa alimentação, caso não houvesse opção no acampamento. Fomos surpreendidos com o banquete que a organização disponibilizava para os atletas. Haviam diversas opções de sucos naturais, saladas, pratos quentes, etc. Comemos bastante macarrão com molho simples, frutas e salada.
 De barriga cheia, banho tomado e papo em dia fomos nos acomodar em nossas barracas e dormir o máximo possível.


Segundo dia: Aproximadamente 30 minutos da largada a organização tomou a sábia decisão de mudar o percurso da prova. Seria muito difícil fazer o mesmo percurso que fizemos no sábado, talvez demoraria até mais devido a chuva que deu durante a madrugada.
 Vários atletas haviam desistido e já estavam preparados para descer a serra de van, mas com a mudança no percurso vários voltaram atrás e se vestiram novamente para enfrentar o segundo dia. Um deles foi o Leandro Mendes, parceiro que treina com a gente na UPFIT.

 Com a mudança no percurso informada pela organização, pegaríamos cerca de 18 quilômetros em estrada de terra com muito sobe e desce (trecho final do percurso para quem estava nos 80km sábado) e 7 em trilha (nosso final de prova no primeiro dia).
 Eu já estava preparado mas com um certo medo de voltar pelo mesmo caminho que fizemos no primeiro dia e confesso que foi um alívio ouvir a notícia da mudando de percurso. Alguns atletas ficaram chateados com a mudança, mas acho que nessas horas é necessário pensar que, segurança precisa vir em primeiro lugar.

 Aproximadamente às 9h40 foi dada a largada da prova. Eu e o Pedro saímos num ritmo forte com os demais que iam na frente, as dores que senti no dia anterior nem davam sinais de vida, exceto a lombar que ainda doía um pouco. A vontade de abrir tempo neste percurso estava estampada em nossos olhos. Estava muito quente e chegando aproximadamente no quilômetro 12, avistamos uma bica onde não exitei em parar para beber e jogar uma boa água gelada na cabeça. Momentos antes, o Pedro havia dito que eu estava com a aparência meio pálida e que depois da água voltei a ficar corado.

 Mantivemos um bom ritmo durante todo o percurso e quando chegamos no single track acredito ter ganhado uma carga extra que me fez acelerar mais, diferente do dia anterior no mesmo trecho.
 Fechamos o segundo dia com 2h43min e conseguimos conquistar o 4° lugar na competição.

foto: Fabi Ferreira

 Fiquei muito feliz com o final de semana que a equipe teve, pois conquistamos o 1° lugar na dupla mista (Vanessa e Bertola) e pelo Leandro, que aos 45 do segundo tempo resolveu enfrentar o segundo dia de prova.

 Os agradecimentos especiais vão para as meninas (Marilia e Hevelyn) que ficaram nos esperando em Ubatuba sem sequer ter notícias do que estava acontecendo durante a prova (não havia sinal de celular no local), o que também me deixou muito preocupado na hora da mudança do percurso do segundo dia, pois não chegaríamos em Ubatuba, como planejado.
 E à pessoa que mais fez a diferença, o Sidney, que deixou de competir no segundo dia, para descer a serra de van e subir de carro com as meninas. Esse sobe e desce de serra demorou mais de 6 horas. Não foi nada fácil.



 O ano ano está chegando ao fim e o calendário de competições também. Para finalizar, no dia 6 de dezembro farei a última etapa do Circuito das Serras, na Serra do Japi, Jundiaí. Depois disso será só descanso.
 




   



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